CONSTRUÇÃO DE CORREIAS DE RELÓGIO
1º passo: comprar peles e ferramentas em Portugal
Lisboa
Domingues & Nogueira segunda a sexta das 09:00 às 18:00 Rua do Terreirinho 78 1100-341 Lisboa
Instagram: https://www.instagram.com/mestredaspeles
Whatsapp: enviar mensagem
Telefone: (+351) 21 886 0750
Site (com problemas actualmente): https://mestredaspeles.pt
E-mail: domingosenogueiralda@gmail.com
Casa Forra 9:00 às 13:00 e das 14:00 ás 18:30 segunda a sexta Sábado das 9:30 às 13:00 morada1 - Rua Saraiva de Carvalho 145 D 1350-300 Lisboa morada 2 - Poço do Borratém 32 1100-408 Lisboa
Instagram: https://www.instagram.com/casa_forra
Facebook: https://www.facebook.com/CasaForra
Telefone: (+351) 21 882 51 56
Site: https://casaforra.pt
Loja online: https://casaforra.pt/loja
E-mail: geral@casaforra.com
Porto
Casa Crocodilo
das 10 às 12:30 e das 14:30 às 18h de segunda a sexta
Rua de Cimo de Vila 63, 4000-170 Porto
Instagram: https://www.facebook.com/CasaCrocodilo
Telefone: 22 200 0318 / 914 000 318
Site: https://casacrocodilo.pt
E-mail: gcoutinhocrocodilo@sapo.pt
2º passo: comprar peles e ferramentas fora de Portugal
Aqui ficam algumas recomendações:
Tandy Leather: https://tandyleather.eu/collections/wallet-kits
Buy Leather Online: https://buyleatheronline.com
Aleatherstore: https://www.aleatherstore.com
Deco Cuir: http://Decocuir.com
3º passo: comprar ferramentas
Existem vários sites de ferramentas profissionais, contudo se está a iniciar recomendamos as ferramentas disponíveis em sites como Amazon e Aliexpress. Algumas ferramentas são de muito boa qualidade, outras possivelmente não vão durar a vida toda. A escolha das ferramentas é muito pessoal, se não faz ideia do que precisa, comece por um kit de trabalho em couro.
Amazon.es: Kits de ferramentas para trabalhar couro
Aliexpress: ferramentas individuais recomendadas:
4º passo: compreender os diferentes passos
Colagem
Corte
Costura
Furos de fivela
Dobragens
Acabamentos
As correias podem ser construídas de várias formas, neste conjunto de passos vamos ensinar como fazer uma correia dobrada de duas peças.
Colagem
A colagem é fundamental para uma correcta sobreposição das diferentes peles. Deve usar-se uma cola que não ganhe rigidez após secar. Recomendamos a cola de contacto. Após a colagem é sempre possível coser para reforçar.
Corte
Existem várias facas de corte e várias técnicas para afiar essas facas. Nós recomendamos um simples bisturi com várias lâminas. O facto da lâmina do bisturi ser bastante fina torna-a bastante eficaz, com a mesma força tem-se um gume muito mais fino. As lâminas de bisturi gastam-se muito rapidamente mas são bastante baratas e podem comprar-se conjuntos de 100 ou mais.
O formato da correia pode ser conseguido através de cortantes. Existem várias lojas que vendem cortantes específicos para correias de relógio. É também possível encomendar cortantes específicos. Alguns, como o da imagem acima, inlcuem vazadores para furos e para a zona do pino da fivela.
Costura
A costura pode ser manual designada de saddle stitching na qual duas agulhas com dois fios diferentes passam sempre pelo mesmo furo. Os furos por onde passam as agulhas são normalmente feitos com um garfo que não é um vazador, ou seja, não retira material no processo de furar. Para utilizar duas agulhas vamos precisar das duas mãos, logo a correia deve estar presa num grampo. Os grampos maus práticos são os de madeira.
A costura com recurso a máquina de costura tem a vantagem de permitir mais homogeneidade e precisão entre os diferentes pontos. Para este efeitos utilizam-se máquinas de triplo rasto.
Furos de fivela
Para conseguir os furos das correias são usados vazadores que podem ter vários formatos. Designa-se de vazador a ferramente que permite a remoção de material após o furo. Existem vazadores em forma de garfo que permitem um espaçamento preciso.
Dobragens
Há várias técnicas de construção de correias. As dobragens devem ser seguidas de colagem, são um passo muito importante que necessita de alguma precisão. É possível que apenas após a dobragem e a colagem se proceda ao corte da correia com recurso a cortantes próprios.
Acabamentos
Os acabamentos são um mundo sem fim. Recomendamos que seja sempre feito algum acabamento nas orlas, a não ser que se pretenda propositadamente realizar um trabalho sem nenhum tipo de acabamento. Os acabamentos nas orlas permitem impremeabilizar a correia. Podem ser feitos com recurso a um brunidor de madeira ou com produtos naturais ou químicos como borracha líquida, cera, ou ainda através de 8calor. Brunir significa, neste contexto, polir as orlas.
Existem máquinas muito úteis para marcar a zona onde deve ser aplicada a costura ou para queimar as orlas da correia. É possível definir a temperatura e deve controlar-se posteriormente apenas a pressão e a velocidade de deslocamento.
5º passo: a execução
5.1 - O Plano
Após termos à nossa diponibilidade algum conhecimento, todos os materiais e ferramentas, recomendamos que seja feito um plano. Este plano deve partir sempre do relógio que vai receber a correia. Os pontos de costura costumam ter uma cor que se aproxima o máximo possível de algum elemento do mostrador, como os ponteiros, discos do dia ou qualquer outro componente que se destaque, pela cor, no relógio. É recomendável ter-se também em conta o material da fivela, que deve ser equivalente à caixa do relógio: prateado/dourado ou escovado/polido.
As medidas são igualmente de grande relevância. É habitual a diferença entre asas reduzir 2 mm em relação à dimensão na zona da fivela que recebe a correia. Contudo é muito bem aceite, talvez até mais aceite, que a diferença seja de 4mm. Desta forma se a distância entre asas for de 22mm a zona que recebe a correia na fivela deve ser de 20mm ou 18mm. Uma vez tomadas todas as decisões estéticas, deve confirmar-se se estão disponíveis todas as ferramentas e materiais necessários.
5.2 - A pele
Deve escolher-se a pele ideal, as peles mais rijas resultam em correias com uma estrutura mais forte, as mais macias podem por vezes não funcionar. Caso se opte por couro deve procurar-se a zona das costas que é a mais rija, sendo a da barriga a mais macia. São também utilizadas outras peles para correias: lagarto, peixe (normalmente raia), perna de avestruz, jacaré, crocodilo, ou sintéticas, contudo o couro é o mais habitual.
5.3 - A colagem
O primeiro passo deve ser a colagem. Recomendamos o uso de cola de contacto. Para este tuturial vamos construir uma correia dobrada por ser a mais simples e eficaz para iniciar.
O primeiro passo deve então ser a dobragem da pele, deve escolher-se uma porção de pele dura, como referido, e com dimensões ligeiramente superiores pelo menos ao dobro de cada uma das duas partes da correia. Para vincar a zona de dobragem pode usar-se o martelo ou uma prensa de alavanca.
Após a dobragem o próximo passe consiste em aplicar cola de contacto de forma homogénea, não é necessário deixá-la secar antes de unir ambas as partes.
O período de secagem deve ser de pelo menos 5 minutos. Caso não se respeite este período as zonas coladas podem desalinhar durante a colagem.
5.4 - O corte
O corte é sempre o início do processo de construção, caso se opte, por exemplo, uma correia de 22mm x 18mm é importante garantir que se têm cortantes com essa medida, caso contrário é sempre possível encontrar alternativas como imprimir em papel um plano de construção com as medidas correctas e cortar a pele por cima com um bisturi.
Os resultados são de longe melhores com recursos a cortantes que podem ser encomendados no Aliexpress, Amazon, ou em sites da especialidade, com medidas personalizadas. Os cortantes são moulduras de aço afiadas a laser encaixadas em rectângulos de madeira cortados e gravados igualmente a laser. Normalmente é possível optar entre cortantes completos como os da foto, ou sem vazadores de furos. Recomendamos os que incluem vazadorede furos visto que estes podem sempre ser removidos ou voltados a montar mais tarde. Os furtos necessários são os que recebem o pino da fivela tanto numa ponta como na outra. Sendo a correia constituída por duas partes é necessário um cortante para cada uma das partes, por vezes existem também cortantes para a presilha, como se vê na foto.
Com a pele dobrada e colada deve medir-se cuidadosamente e com precisão o coprimento de ambas as partes. Para este efeito pode recorrer-se a uma correia pré-existente.
A pele dobrada deve então ser colocada na zona certa do cortante para respeitar o comprimento necessário e com a zona dobrada da pele paralela à zona superior do cortante.
Com o cortante por baixo com a lâmina virada para cima, e a pele sobre a zona da lâmina deve colocar-se um tapete de corte, de borracha que se compra em qualquer papelaria. O conjunto cortante-correia-tapete é então colocado numa prensa que para pressionar o conjunto lentamente até que o corte termine por completo.
Caso não disponha de uma prensa pode utilizar uma técnica menos simpática para os cortantes: uma tábua e um martelo. Coloca a tábua sobre o conjunto cortante-pele-tapete e martela-a até que o corte seja bem sucedido.
Caso não disponha de cortante, pode imprimir uma versão da correia em 1:1, colocar por cima e cortar com um bisturi ou traçar na pele o contorno da correia desejada seguindo o contorno de uma correia terminada. Ainda em alternativa pode comprar moldes de acrílico com o tamanho desejado.
Na foto abaixo pode ver-se um exemplo de uma correia dobrada, colada e cortada, neste caso ainda sem furos.
O corte pode ainda ser feito com recurso a máquinas de laser, com as vantagens de se dispensarem os cortantes e de conseguir resultados fora do comum mais rapidamente. Contudo a pele fica demasiado dura e queimada nas zonas de corte, o que deve ser resolvido mais tarde.
5.1 - Furos
5.1.1 - Os furos para costura
Existe a ideia generalizada que coser couro à mão implica agulhas fortes e muita força para furar. Contudo trata-se até de um trabalho bastante ligeiro e delicado. Os furos por onde passa a agulha não devem ser feitos pela própria agulha mas por uma ferramenta que designamos de garfo, visto a sua semelhança a um garfo.
Estes furos devem ser feitos sobre uma marcação prévia, é possível escolher entre garfos com mais ou com menos dentes, tal como o espaço entre dentes, que vai posteriormente permitir pontos mais longos ou mais curtos. Os garfos com menos dentes são úteis para a zona curva no bico da correia.
Os tipos de dentes mais famosos são os que surgem nos garfos franceses, achatados e na diagonal, normalmente polidos, e os mais comuns, em forma de diamante. Estes garfos não são vazadores, ou seja, não retiram material, apenas o afastam.
5.1.2 - Os furos para pinos de fivela
Por oposição os furos feitos para o pino da fivela implicam sempre a remoção de material. São igualmente feito com garfos, cujos dentes podem ter vários diâmetros tanto se forem redondos como ovais. Os dentes redondos servem para fivelas normais, os ovais para pinos achatados. A estes garfos chamam-se simplesmente vazadores.
É possível por vezes substituir os dentes dos vazadores por outros de diâmetro diferente. Os furos feitos por estas ferramentas devem ser previamente marcados, tal como os anteriores. Caso o número de furos necessários seja superior ao número de dentes do garfo, deve fazer-se uma nova furação, na qual um ou dois dentes do garfo encaixam nos furos já feitos. Desta forma garante-se a distância entre furos.
Furos redondos à esquerda e furos achatados à direita
No caso das correias de tecido é recomendável o uso de ilhoses que podem ser compradas por medida e vendem-se frequentemente em conjuntos com o próprio alicate de aplicação. Caso não se recorra a ilhoses o tecido vai acabar por desfiar na zona do furo.
Correia em tecido com ilhoses
5.1.3 - Os furos para molas de asa rápidas
As molas de asa rápidas são altamente recomendáveis. A sua principal vantagem é evitarem riscos nas asas dos relógios no processo de mudança de correias. Os furos para estas molas são feitos com alicate próprio. Neste alicate existe um pino que entra na corrreia, com um furo rectangular. Ao apertar o alicate há um vazador que desce sobre a correia e fura-a com remoção de material. É muito importante apertar a única rosca com alicate que evita que o pino se parta. Há alicates de marca branca e de marcas conhecidas com a expectável diferença de preço e qualidade.
5.1.4 - Furos para o encaixe do pino da fivela.
O furo por onde passa o pino, na base da fivela, pode ser feito com recurso a um bisturi e bastante precisão, ou com recurso a cortantes. Para aplicar o cortante, deve colocar-se a correia sobre um tapete de corte, com o cortante por cima e pressionar o cortante com uma prensa ou com uma martelada precisa.
CONTINUA
Próximo capítulo, no próximo sábado: costura e acabamento
Fantástico, parabéns 👏