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Solar | João da Silva | Díptico | Madeira | 1890

Série SOLARES

 

Por: Sílvio Pereira

 


- Relógio de Bolso solar Díptico (ou de Medianas) ;

- Fabricante: João da Silva - Portugal

- Material: Madeira

- Dimensões (fechado): Largura 46,1mm; Fundura 69,1 mm; Espessura 184 mm.

(aberto): Largura 46,1mm; Fundura 69,1mm; Altura 74,6 mm

- Peso: 30,34 g;

- Descrição: Composto por duas placas ligas por dobradiça: Vertical com imagem do sol e motivos florais; Horizontal com bússula e escala horária onde vai incidir a sombra do gnómon que é composto por um cordão que liga as duas faces. Ao juntar as duas placas o relógio fica fechado.

-Estojo: Madeira. Dimensões (fechado): Largura 101 mm; Fundura 65,8 mm; Espessura 47,5 mm

- Forma de usar: Colocar o relógio num local nivelado. Acertar a bússula para norte. Levantar a placa vertical de forma a que forme um ângulo de 90º. A sombra projectada pelo gnómon na escala de horas do relógio marcará o tempo.

Nota - O relógio marca o tempo solar que poderá não ser o real.


 

Outros exemplares da colecção


Solar | João da Silva | Díptico | Madeira | 1885

(com fio de prumo)


Solar | Tempus| Díptico | Madeira | 1950



 

A origem do relógio solar de bolso díptico ou de medianas


Os primeiros relógios de bolso solares dípticos (também designados de “medianas”) que se conhecem datam de 1598, fabricados em Nuremberg e criados por Hans Tröschel (1549-1612). Originalmente feitos em marfim incrustados com marcações de laca preta. O gnómon era um fio de seda preta trançada, linho ou cânhamo.


Primeiro relógio díptico em marfim fabricado em Nuremberg em 1598 por Hans Tröschel (em cima aberto em baixo fechado)



A crescente produção de relógios mecânicos durante o Renascimento teve o efeito de estimular a construção de uma variedade de instrumentos de cronometragem. Os relógios de sol eram usados ​​para acertar os relógios mecânicos, bem como para regular os seus movimentos ainda imprecisos. Tanto em variedade como em número os relógios de sol proliferaram, mas os fabricantes de relógios de sol de Nuremberg especializaram-se em modelos pequenos, dobráveis ​​e facilmente portáteis, feitos de marfim ou madeira.


Este tipo de mostrador, que pode ser usado para contar o tempo em vários sistemas diferentes de contagem de horas, foi feito para ser usado na latitude de 49 1/2 graus de Nuremberg. Outros relógios de sol portáteis feitos em Nuremberg podiam ser ajustados para uso em várias latitudes.


O que é um relógio solar díptico ou de medianas?


O díptico, como o nome indica, consiste em duas pequenas placas planas, unidas por uma dobradiça. Depois de fechadas formam uma pequena caixa adaptada ao bolso. O gnómon é formado por um cordão com as extremidades fixas a cada uma das placas. Quando se abrem as placas o cordão fica tenso, formando as duas faces de um relógio de sol: a vertical e a horizontal. Normalmente, as placas que compõem o relógio eram fabricadas em madeira, tirando as primitivas produzidas em Nuremberg que eram em marfim.


Em Portugal, estes relógios começaram a aparecer no final do século XIX e foram uma grande ajuda para os mais pobres que não conseguiam comprar relógios de bolso mecânicos, principalmente, para os pastores que assim poderiam ter uma referência horária para as suas actividades de pastorícia, mas também para os agricultores com menos posses, que os ajudava na organização das suas actividades agrícolas.


Alguns exemplares construídos por João da Silva no final do Século XIX (abertos e fechados)


É nesta altura que começa a aparecer o nome de João da Silva nas caixas das "medianas" (outro nome dado a estes relógios) vendidos nas feiras, eram baratos e bastante fiáveis, no entanto poucos exemplares sobreviveram (o Museu de Etnologia, por exemplo, não têm nenhum exposto). Curiosamente o exemplar que se encontra no museu de Oxford foi comprado em Espanha em 1900, o que indicia que este tipo de relógio, patenteado por João da Silva, não só foi popular em Portugal, como "passou" a fronteira.



Exemplar fabricado por João da Silva exposto no Museu de Oxford


Apesar de haver registo de vários fabricantes destes relógios, efectivamente, só João da Silva se preocupou em patentear o seu fabrico e colocar o seu nome em todos os relógios que produziu, primeiro somente com a designação de "Autor" e por fim com o seu próprio nome "João da Silva"


Como funciona o tempo solar


Os relógios de sol medem o tempo exactamente como ele é. O meio-dia é marcado quando o sol está mais alto no céu (quando cruza o meridiano). Os relógios que usamos no dia-a-dia medem o tempo como está convencionado, com o meio-dia de amanhã exatamente a 24 horas, 0 minutos e 0 segundos do meio-dia de hoje. Mas o meio-dia de 24 de dezembro está a 24 horas, 0 minutos e 29 segundos do meio-dia do dia de Natal. E o meio-dia de 15 de setembro está a apenas 23 horas, 59 minutos e 39 segundos do meio-dia do dia seguinte.


No inverno, os dias são curtos e o sol está baixo no céu. A cada dia após o solstício de inverno, que ocorre em 21 de dezembro, o percurso do sol fica um pouco mais alto no céu do sul. O sol também começa a nascer mais perto do leste e põe-se mais perto do oeste até chegarmos ao dia em que ele nasce exatamente no leste e se põe exatamente no oeste. Este dia é chamado de equinócio. Marcamos o equinócio da primavera em 21 de março e o equinócio de outono em 21 de setembro.


O sol está no seu percurso mais baixo no céu no solstício de Inverno. Depois desse dia, o sol segue um caminho cada vez mais alto através do globo celeste a cada dia até ficar no céu exatamente durante 12 horas. Cada local na Terra tem um dia de 12 horas duas vezes por ano no Equinócio de Primavera e Outono.


No solstício de verão, o sol está no seu percurso mais alto no céu e o dia é o mais longo. Como o dia é tão longo, o sol não nasce exatamente no leste, mas nasce no nordeste e põe-se no noroeste, permitindo que fique no céu durante um longo período de tempo.


Após o solstício de verão, o sol segue um percurso cada vez mais baixo pelo globo celeste a cada dia até atingir o ponto em que está no céu durante exatamente 12 horas novamente. Este é o Equinócio de Outono. Assim, como no Equinócio da Primavera, o sol nasce exatamente no leste e põe-se no oeste nesse dia, e todos os locais no mundo têm um dia de 12 horas.


Após o equinócio de outono, o sol continua a seguir um caminho cada vez mais baixo pelo céu e os dias ficam cada vez mais curtos até atingir o seu ponto mais baixo, e então estamos de volta ao solstício de inverno, onde começamos.


Definições técnicas


Relógio de sol Díptico: É um relógio portátil (de bolso), que possui um mostrador vertical e um horizontal sendo articulados em conjunto partilhando um cordão que os liga, tendo a função de gnómon, garantindo igualmente que os dois mostradores ao abrirem apresentem um ângulo de 90º correspondendo a uma latitude específica.


Mostradores Vertical e Horizontal e gnómon de uma relógio díptico


Para funcionar, os dois mostradores devem estar posicionados corretamente nas duas placas. Quando o relógio de sol é aberto, as placas devem ficar em ângulo recto uma com a outra.

Esta posição consegue-se, usando um cordão gnómon de comprimento específico ficando as duas placas depois de abertas num "L" perfeito.


Primeiro, deve colocar-se o relógio na posição horizontal. De seguida medir a distância "H", da origem do mostrador para a borda superior da sua placa. A distância "V", desde a origem do mostrador Vertical até à borda inferior da sua placa, pode ser calculada da seguinte forma:


V= H tan ø


Onde ø é a latitude do lugar onde o relógio de sol será usado.


O mostrador vertical pode agora ser posicionado corretamente na sua placa.


Os dois relógios estão agora articulados na base e um pequeno furo é feito na origem de cada mostrador. Os relógios são abertos para que formem um ângulo recto entre si. As extremidades do cordão são passadas através dos dois furos e ligadas de modo que o cordão fique esticado quando os mostradores são abertos para a posição de leitura. Esta é apenas uma forma de fixar o cordão.


Outra opção é fixar um fio de prumo no mostrador vertical para garantir que fique sempre numa posição vertical quando aberto. Um nível de bolha pode ser instalado na placa horizontal para nivelar o mostrador.


Para ler a hora de forma correcta, os mostradores também devem estar alinhados com o Pólo Norte. Relógios deste tipo incluem uma pequena bússola embutido na placa horizontal.


Imagem gráfica da projecção da sombra nos mostradores vertical e horizontal











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